Autoras: Sabrina Lehnen Stoll, Elenise Felzke Schonardie

DOI: https://doi.org/10.25058/1794600X.2521

In this article, we intend to analyze the current climate emergency through the lenses of risk society and socio-environmental justice. Our main aim is to reflect on the social and environmental changes brought about by late modernity, drawing on Ulrich Beck and Anthony Giddens’s works on reflexive modernity, as capable to anticipate the climatic crisis. We ask the following research question: in what way does the current climate emergency—as a manifestation of the risks created by late modernity— makes evident that the traditional techno-scientific rationality was insufficient and calls for adopting Henri Acselrad’s urban matrices for socio-environmental justice? Articulating postulates by Beck, Giddens, with Acselrad’s urban matrices, we adopted a hypothetical-deductive method, a bibliographic review, and a systematic-sociological interpretation to identify some directives for mitigation and socio-environmental justice in urban settings. Findings suggest that climate emergency stems from unevenly distributed risks. To conclude, we propose some mitigation guidelines based on Acselrad’s three matrices: a sustainable city, a capital city, and citizenship city. This confirms the initial hypothesis and highlights the need for urban policies guided by socio-environmental justice.

Este artículo tiene por objeto analizar la actual emergencia climática desde las perspectivas de la sociedad del riesgo y de la justicia socioambiental. Su objetivo general es reflexionar sobre las transformaciones sociales y ambientales derivadas de la modernidad tardía, tomando como base las obras de Ulrich Beck y Anthony Giddens sobre la modernidad reflexiva, capaces de anticipar la crisis climática. En cuanto al problema de investigación, se plantea lo siguiente: ¿de qué manera la emergencia climática contemporánea, como manifestación de los riesgos fabricados por la modernidad tardía, evidencia la insuficiencia de la racionalidad tecno-científica tradicional y exige la adopción de las matrices urbanas de justicia socioambiental propuestas por Henri Acselrad? A partir de un marco teórico que articula a Beck, Giddens y las matrices urbanas de Acselrad, se emplearon el método hipotético-deductivo, la investigación bibliográfica y la interpretación sistemático-sociológica para identificar directrices de mitigación y justicia socioambiental en los entornos urbanos. Se constató que la emergencia climática deriva de riesgos distribuidos de forma desigual y, finalmente, se proponen directrices para mitigar dichos riesgos mediante las tres matrices de Acselrad — ciudad sostenible, ciudad del capital y ciudad de la ciudadanía —, confirmando la hipótesis inicial y subrayando la necesidad de políticas urbanas orientadas por la justicia socioambiental.

Este artigo tem como escopo analisar a atual emergência climática sob as perspectivas da sociedade de risco e da justiça socioambiental. O objetivo geral é ponderar sobre as modificações sociais e ambientais decorrentes da modernidade tardia, a partir das obras de Ulrich Beck e Anthony Giddens referentes à modernidade reflexiva, capazes de antecipar a crise climática. Quanto ao problema de pesquisa, tem-se o seguinte: de que maneira a emergência climática contemporânea, como manifestação dos riscos manufaturados pela modernidade tardia, revela a insuficiência da racionalidade técnico-científica tradicional e demanda a adoção das matrizes urbanas de justiça socioambiental propostas por Henri Acselrad? A partir de um referencial que articula Ulrich Beck e Anthony Giddens e das matrizes urbanas de Acselrad, empregou-se método hipotético-dedutivo, pesquisa bibliográfica e interpretação sistemático-sociológica para identificar diretrizes de mitigação e justiça socioambiental nas cidades. Constatou-se que a emergência climática resulta dos riscos distribuídos de forma desigual e, ao final, propõem-se diretrizes para mitigar riscos por meio das três matrizes de Acselrad — cidade sustentável, cidade do capital e cidade da cidadania —, confirmando a hipótese inicial e apontando a necessidade de políticas urbanas orientadas pela justiça socioambiental.

Keywords: Climate emergency; risk society; reflexive modernity; socio-environmental justice; urban matrices.

Palabras claves: Emergencia climática; sociedad del riesgo; modernidad reflexiva; justicia socioambiental; matrices urbanas.

Palavras-chave: Emergência climática; sociedade de risco; modernidade reflexiva; justiça socioambiental; matrizes urbanas.

Para citar este artículo:

Lehnen Stoll, S., & Felzke Schonardie, E. (2025). Sociedade de risco e justiça socioambiental na era da emergência climática: perspectivas urbanas a partir de Henri Acselrad. Revista Misión Jurídica, 18(29), 83 – 100.


Referências

Acselrad, H. (2009). A duração das cidades: sustentabilidade e risco nas políticas urbanas (2a ed.). Lamparina.

Acselrad, H. (2010). Ambientalização das lutas sociais – o caso do movimento por justiça ambiental. Estudos Avançados, 24(68). https://www.scielo.br/j/ea/a/hSdks4fkGYGb4fDVhmb6yxk/?format=pdf&lang=pt.

Acselrad, H. (2004). Desregulamentação, contradições espaciais e sustentabilidade urbana. Revista Paranaense de Desenvolvimento, *107*, 25-38. http://www.ipardes.gov.br/pdf/revista_PR/107/henri.pdf.

Acselrad, H. (1999). Discursos da sustentabilidade urbana. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 1. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7866965/mod_resource/content/6/GeralDiscursoDaSustentabildadeUrbanaAcserald.pdf

Amaral, D. A., & Souza, D. S. (2022). Racismo ambiental e justiça socioambiental nas cidades. Polis: Revista de Estudos Sobre a Cidade, 15(1), 101–118.

Agência Pública. (2025, 2 de fevereiro). São Paulo: chuvas deixam moradores ilhados na maior cidade do país. https://apublica.org/2025/02/sao-paulo-chuvas-deixam-moradores-ilhados-na-maior-cidade-do-pais/

Beck, U. (2018). A metamorfose do mundo: novos conceitos para uma nova realidade (M. L. X. de A. Borges, Trad.). Zahar.

Beck, U., Giddens, A., & Lash, S. (1997). Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna (M. Lopes, Trad.). Editora da Universidade Estadual Paulista.

Beck, U. (1992). Risk society: Towards a new modernity. Sage Publications.

Beck, U., & Sopp, P. (Eds.). (1997). Individualisierung und Integration: Neue Konflikte und neuer Integrationsmodus? Leske + Budrich.

Curran, D. (2013). Risk society and the distribution of bads: Theorizing class in the risk society. The British Journal of Sociology. Retrieved from https://papers/risk-society-distribution-bads-theorizing-class-risk-curran/81ca86e2a3775b99bb6280e55bd1124f/.

Giddens, A. (2010). A política da mudança climática. Zahar.

Giddens, A. (1991). As consequências da modernidade. Editora Unesp.

Intergovernmental Panel on Climate Change. (2020). Climate change 2022: Impacts, adaptation and vulnerability. Working Group II contribution to the Sixth Assessment Report. https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg2/

Isaguirre-Torres, K. R., & Maso, T. F.. (2023). As lutas por justiça socioambiental diante da emergência climática. Revista Direito E Práxis, 14(1), 458–485. https://doi.org/10.1590/2179-8966/2023/73122

Lacerda, L. F. B., & Freitas, C. M. de. (2024). Justiça socioambiental para gestão integral de riscos de desastres. Em Pauta: Teoria Social e Realidade Contemporânea, *22*(55), 148–159. https://doi.org/10.12957/rep.2024.79890

Leite, J. R. M. (2020). Dano ambiental (4th ed.). Revista dos Tribunais.

Leite, J. R. M., & Ayala, P. de A. (2004). Direito ambiental na sociedade de risco (2a ed.). Forense.

Marzochi, C., & Florit, L. F. (2021). Ética socioambiental como abordagem do desenvolvimento regional. Ambiente & Sociedade, 24(2), 1–18.

Moreira, M. de F. R., Meirelles, L. C., Coradin, C. M., Portella, S., & Oliveira, S. S.. (2025). Mudanças climáticas e suas implicações para a saúde de trabalhadores e trabalhadoras, produção agrícola e ambiente. Revista Brasileira De Saúde Ocupacional, 50, eddsst5. https://doi.org/10.1590/2317-6369/13024pt2025v50eddsst5

Neto, N. C. (2022). Primavera silenciosa, de Rachel Carson, como marco temporal para a questão ambiental mundial. In G. Pompeu, M. Holanda, & R. Pompeu (Eds.), Primavera silenciosa revisitada: Uma homenagem a Rachel Carson (pp. 101–121). Editora Fundação Fênix.

NUSDEO, A. M. D. O., SILVA, A. T. D., & ROTTA, F. D. S.. (2023). Adaptação às mudanças climáticas e prevenção a desastres na cidade de São Paulo. Estudos Avançados, 37(109), 263–278. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2023.37109.016

Organização das Nações Unidas. (2024). Causas e efeitos das mudanças climáticas. https://www.un.org/pt/climatechange/science/causes-effects-climate-change

Organização Meteorológica Mundial. (2020). Desastres naturais foram responsáveis por 45% de todas as mortes nos últimos 50 anos, mostra OMM. Recuperado em 20 de janeiro de 2024, de https://brasil.un.org/pt-br/142679-desastres-naturais-foram-respons%C3%A1veis-por-45-de-todas-mortes-nos-%C3%BAltimos-50-anos-mostra-omm.

Piven, F. F., & Cloward, R. A. (1971). Regulating the poor: The functions of public welfare. Vintage Books.

Rocha, M. V., & Soares, É. F. (2024). Vulnerabilidades, riscos e justiça ambiental em escala metropolitana brasileira. Mercator, 20, e20003.

Sassen, S. (2016). Expulsões: brutalidade e complexidade na economia global. Paz e Terra.

Schonardie, E. F. (2020). A relação homem-natureza e suas implicações na proteção do meio ambiente na contemporaneidade. Dom Helder Revista de Direito, 3(5), 115–134. https://revista.domhelder.edu.br/index.php/dhrevistadedireito/article/view/1733

Silva, T. F., & Lima, V. R. (2024). Crise climática, cidades e reforma urbana: estado da arte de um debate emergente. Cadernos Metrópole, 36, e72024.

Strange, K. F., March, H., & Satorras, M. (2024). Incorporating climate justice into adaptation planning: The case of San Francisco. Cities, 144, 104627. https://doi.org/10.1016/j.cities.2023.104627

Veyret, Y (Org.). (2007). Os riscos. O homem como agressor e vítima do meio ambiente. (D. F. da Cruz, Trad). Contexto.