Autor: Victor Hugo Criscuolo Boson

DOI: https://doi.org/10.25058/1794600X.2375

This article aims to inquire into Oliveira Vianna’s intellectual program regarding the unionist-corporatist normative agenda applied for rural workers in Brazil. To do so, we will consider: (a) the theoretical program for intervention in place until Oliveira Vianna’s entry into the Ministry of Industry, Trade, and Labor in 1932, which was supposedly expansive in terms of rural unionization; (b) the variations in the law formulation in which Vianna participated, as can be seen in the unionization laws of 1934 and 1939, the latter being representative of the legal dehydration of rural unionization; (c) the changes in the agenda, highlighted in the work História Social da Economia Capitalista no Brasil (Social History of Economy in Brazil), expressed by the opposition to rural unionization. The focus shift regarding rural unionization and corporatism is based on the advantages this author begins to consider in relation to clans’ domination, highlighted as a positive driver of the Brazilian “colonial way of life,” which deserves to be maintained and does not normatively align with bilateral union aggregation in rural settings. For the analysis, the key of “instrumental authoritarianism” is challenged in its theoretical potential to encompass the entirety of Oliveira Vianna’s work. The proposed guiding thread of interpretation for the revisited phases is the jurist’s quest for the organic relationship between the State and society. The methodological proposal involves the use of theoretical research, mainly focused on qualitative analysis of sources from the 1930s and 1940s, and the application of procedures inherent to content analysis.

El objetivo de este artículo es investigar el programa intelectual de Oliveira Vianna en relación con la agenda normativa sindical-corporativista considerada para los trabajadores rurales en Brasil. Para ello, se considerará: a) el programa teórico de intervención elaborado hasta el momento de la entrada burocrática de Oliveira Vianna en el Ministerio de Trabajo, Industria y Comercio, en 1932, pretendidamente expansivo en cuanto a la sindicalización rural; b) las variaciones en el trabajo de elaboración legislativa en el que participó Vianna, reflejadas en las leyes de sindicalización de 1934 y 1939, esta última representativa de la deshidratación normativa de la sindicalización rural; c) las transformaciones en la agenda, expresadas en la obra História Social da Economia Capitalista no Brasil, que se manifiesta en la oposición a la sindicalización rural. La modificación del enfoque respecto a la sindicalización y al corporativismo frente a las zonas rurales se basa en las ventajas que el autor comienza a considerar en relación con la dominación clánica, destacada como una idea-fuerza positiva del “modo de vida colonial” brasileño, que merece ser mantenida y que no se concilia normativamente con la agregación sindical bilateral en el medio rural. Ante el análisis, se interpela la clave del “autoritarismo instrumental” en su potencial teórico para abordar la totalidad de la obra de Oliveira Vianna. Se propone, como hilo conductor de la interpretación de las diferentes fases revisitadas, la búsqueda del jurista por la relación orgánica entre el Estado y la sociedad. La propuesta metodológica consiste en la utilización de investigación teórica, principalmente enfocada en el análisis cualitativo de fuentes de las décadas de 1930 y 1940, así como en el manejo de procedimientos inherentes al análisis de contenido.

Este artigo tem como objetivo investigar o programa intelectual de Oliveira Vianna com relação à agenda normativa sindical-corporativista aplicada aos trabalhadores rurais no Brasil. Para tanto, consideraremos: a) o programa teórico de intervenção em vigor até a entrada de Oliveira Vianna no Ministério da Indústria, Comércio e Trabalho em 1932, que era supostamente expansivo em termos de sindicalização rural; b) as variações na formulação das leis das quais Vianna participou, como pode ser visto nas leis de sindicalização de 1934 e 1939, sendo esta última representativa da desidratação legal da sindicalização rural; c) as mudanças na agenda, destacadas na obra História Social da Economia Capitalista no Brasil, expressas pela oposição à sindicalização rural. A mudança de foco em relação à sindicalização rural e ao corporativismo baseia-se nas vantagens que o autor passa a considerar em relação à dominação dos clãs, destacada como uma ideia-força positiva do “modo de vida colonial” brasileiro, que merece ser mantida e não se alinha normativamente à agregação sindical bilateral no meio rural. Para a análise, a chave do “autoritarismo instrumental” é questionada em seu potencial teórico para abarcar a totalidade da obra de Oliveira Vianna. O fio condutor de interpretação proposto para as fases revisitadas é a busca do jurista pela relação orgânica entre Estado e sociedade. A proposta metodológica envolve o uso de pesquisa teórica, focada principalmente na análise qualitativa de fontes das décadas de 1930 e 1940, e a aplicação de procedimentos inerentes à análise de conteúdo.

Keywords: Rural unionism in Brazil; syndical-corporatism; Oliveira Vianna; colonial way of life; legal union regulation; authoritarianism.

Palabras claves: Sindicalismo rural en Brasil; sindical-corporativismo; Oliveira Vianna; modo de vida colonial; regulación jurídica sindical; autoritarismo.

Palavras-chave: Sindicalismo rural no Brasil; sindicalismo-corporativo; Oliveira Vianna; modo de vida colonial; regulamentação sindical legal; autoritarismo.

Para citar este artículo:

Criscuolo Boson, V. (2024). Colonial way of life y regulación del sindicalismo rural en Brasil. Revista Misión Jurídica, 17(26), 35-55.


Referencias

A NOITE. 1941. A organização sindical da agricultura. A Noite, 30(10.473), p. 3. http://memoria.bn.br/DocReader/348970_04/8173?pesq=sindicatos%20agricultura%20pecuária

ARAÚJO, A. (2002). Estado e trabalhadores: a montagem da estrutura sindical corporativista no Brasil. En A. Araújo (Ed.), Do corporativismo ao neoliberalismo. São Paulo: Boitempo, p. 29-57.

AZEVEDO, F. (2020). Greves no Estado Novo: um processo de memória em disputa. Fronteiras & debates, 7(2), p. 127-142. https://doi.org/10.18468/fronteiras.2020v7n2.p127-142

BARBOSA, A. (2013). Revisitando a literatura sobre o empresariado industrial brasileiro: dilemas e controvérsias. Cadernos CRH, 26(68), p. 391-406. https://doi.org/10.9771/ccrh.v26i68.19211

BASTOS, E. R. 1993a. Apresentação. En E. Bastos & J. Q. Moraes (Eds.), O pensamento de Oliveira Vianna. Campinas: UNICAMP, p. 7-10.

BASTOS, E. R. (1993b). Oliveira Vianna e a sociologia no Brasil. En E. Bastos & J. Q. Moraes (Eds.), O pensamento de Oliveira Vianna. Campinas: UNICAMP, p. 405-428.

BOSON, V. H. C. (2023). Oliveira Vianna e a classe trabalhadora: três representações para o direito brasileiro. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, 14(29), p. 202-36. https://doi.org/10.14295/rbhcs.v14i29.14474

BRANDÃO, G. M. (2007). Linhagens do pensamento político brasileiro. São Paulo: Hucitec.

BRASIL JR., A. (2007). Uma sociologia brasileira da ação coletiva: Oliveira Vianna e Evaristo de Moraes Filho (Dissertación inédita de Maestría en Sociología y Antropología). UFRJ, Rio de Janeiro.

BRASIL JR., A. (2010). Intelectuais e statemakers: Oliveira Vianna, Evaristo de Moraes Filho e a ação coletiva no Brasil. Estudos Históricos, 23(46), p. 301-320. https://doi.org/10.1590/S0103-21862010000200005

BRESCIANI, M. S. (2005). O charme da ciência e a sedução da objetividade. São Paulo: UNESP.

BRYCE, J. (1913). South America: observations and impressions. Nova York: The Macmillan Company.

CAMARGO, Aspásia. 1991. “A Questão Agrária: Crise de Poder e Reformas de Base (1930-1964)”. En Bóris Fausto (Ed.), História Geral da Civilização Brasileira (vol. 10). Rio de Janeiro: Bertrand, p. 147-272.

CARDOSO, F. (1943). Trabalho agrícola na consolidação. RSRB, 23(271), p. 14.

COLLOR, L. (1931). Relatório ao chefe do governo provisório. Fundo da Secretaria da Presidência da República, Lata 46.

CORREIO DA MANHÃ. (1932ª). A reunião da sub-comissão da reforma da Constituição. Correio da Manhã, 32(11.672), p. 3. http://memoria.bn.br/DocReader/089842_04/14534?pesq=%22Preparando%20a%20futura%20Constituição%20%22

CORREIO DA MANHÃ. (1932b). “A reunião de hontem da sub-comissão do projecto da Constituição”. Correio da Manhã, 32(11.654), p. 1. http://memoria.bn.br/DocReader/089842_04/14242?pesq=%22Preparando%20a%20futura%20Constituição%20%22

CORREIO DA MANHÃ. (1933). Preparando a futura Constituição do paiz. Correio da Manhã, 32(11.687), p. 3. http://memoria.bn.br/DocReader/089842_04/14792?pesq=%22Preparando%20a%20futura%20Constituição%20%22

COSTA, V. (1993). Corporativismo e justiça social: o projeto de Oliveira Vianna. En E. Bastos & J. Q. Moraes (Eds.), O pensamento de Oliveira Vianna. Campinas: UNICAMP, p. 131-143.

DEZEMONE, M. (2008). Legislação social e apropriação camponesa: Vargas e os movimentos rurais. Estudos Históricos, 21(42), p. 220-240. https://doi.org/10.1590/S0103-21862008000200006

DINIZ, E. (1999). Engenharia institucional e políticas públicas: dos conselhos técnicos às câmaras setoriais. En D. Pandolfi (Ed.), Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, p. 21-38.

DÓRIA, C. A. (1993). O pré-capitalismo na formação do povo brasileiro. En E. Bastos & J. Q.

Moraes (Eds.), O pensamento de Oliveira Vianna. Campinas: UNICAMP, p. 215-239.

FAIRCLOUGH, N. (2001). Discurso e mudança social. Brasília: UnB.

GENTILE, F. (2019). A apropriação do corporativismo fascista no ‘autoritarismo instrumental’ de Oliveira Vianna. Tempo, 25(1), p. 111-131. https://doi.org/10.1590/TEM-1980-542X2018v250106

GOMES, A. C. (1993). A práxis corporativa de Oliveira Vianna. En E. Bastos & J. Q. Moraes (Eds.), O pensamento de Oliveira Vianna. Campinas: UNICAMP, p. 43-61.

GOMES, A. C. (1989). A ética protestante e o espírito do pré-capitalismo. Ciência hoje, 9(52), p. 23-28.

GOMES, A. C. (2010). A experiência colonial e as raízes do pensamento social brasileiro: Oliveira Vianna e Sérgio Buarque de Holanda. Revista Portuguesa de História, 41, p. 291-304.

HOLANDA, S. B. (1979). Tentativas de Mitologia. São Paulo: Perspectiva.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). (2007). Tendências demográficas. Rio de Janeiro: IBGE.

LAMOUNIER, B. (2014). Tribunos, profetas e sacerdotes. São Paulo: Companhia das Letras.

LESSA, Renato. (2012). Modos de fazer uma República: demiurgia e invenção institucional na tradição republicana brasileira. Análise Social, 204(xlvii), p. 508-531.

LINHARES, M. Y. L. & SILVA, F. T. (1999). Terra prometida. Rio de Janeiro: Campus.

LOBO, V. (2016). Corporativismo à Brasileira: entre o autoritarismo e a democracia. Estudos Ibero-Americanos, 42(2), p. 527-552. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2016.2.22514

MAIA, J. M. (2008). A terra como invenção. Rio de Janeiro: Zahar.

MAIA, J. M. (2007). “Terras e sertões no pensamento brasileiro: uma sociologia política na periferia”. Perspectivas, 31, p. 49-63.

MATTOS, M. B. (2008). Trabalhadores e sindicatos no Brasil. São Paulo: Expressão Popular.

MIGUEL, L. F. (2002). Segurança e desenvolvimento: peculiaridades da ideologia da segurança nacional no Brasil. Diálogos Latinoamericanos, 5, p. 40-56.

MORAES FILHO, E. (1979). “Intervenção”. Revista Ciência Política, 22(2), p. 27-45.

MTIC. 1939. Relatório da Comissão elaboradora do anteprojeto de lei que dispõe sobre os sindicatos profissionais. Rio de Janeiro: Boletim do MTIC.

NAPOLITANO, M. (2019). “Intelectuais entre dois autoritarismos”. En F. Freire & M. A.

Vanucchi (Eds.), O que há de novo sobre o Estado Novo?. Rio de Janeiro: FGV, p. 285-305.

NORMANO, J. (1931). The struggle for South America. Boston: Houghton Mifflin.

OLIVEIRA, F. (2003). Crítica à razão dualista. São Paulo: Boitempo.

PAIM, A. (1987). Apresentação. En História Social da economia capitalista no Brasil (vol. 1). Belo Horizonte: Itatiaia, p. 14-15.

PEREIRA, A. (1979). Ensaios históricos e políticos. Rio de Janeiro: Campus.

RODRIGUES, J. H. (1988). História da História do Brasil. São Paulo: Editora Nacional.

RODRIGUES, L. M. (2009). Partidos e sindicatos. Rio de Janeiro: Edelstein.

SANTOS, W. G. (1998). Décadas de espanto: a uma apologia democrática. Rio de Janeiro: Rocco.

SANTOS, W. G. (1970). Raízes da Imaginação Política Brasileira. Dados, 7, p. 137-161.

SANTOS, W. G. (2002). Roteiro bibliográfico do pensamento político-social brasileiro: 1870-1965. Belo Horizonte: UFMG.

SCHWARZ, R. (2000). Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas Cidades.

SIQUEIRA, G. (2015). Experiências de greve no Estado Novo. Direito e práxis, 6(11), p. 226-253. https://doi.org/10.12957/dep.2015.16527

SODRÉ, N. W. (1961). A ideologia do colonialismo. Rio de Janeiro: MEC.

STOTZ, E. N. (2020). Do sindicato livre ao atrelado pelo Estado. São Paulo: Alameda.

VELHO, O. (2009). Capitalismo autoritário e campesinato. Rio de Janeiro: CEPS.

VIANNA, F. J. O. (1987a). História social da economia capitalista no Brasil (vol. 1). Belo Horizonte: Itatiaia.

VIANNA, F. J. O. (1987b). História social da economia capitalista no Brasil (vol. 2). Belo Horizonte: Itatiaia.

VIANNA, F. J. O. (1939a). O idealismo da Constituição (2ª ed). Rio de Janeiro: Editora Nacional.

VIANNA, F. J. O. (1939b). “O problema dos latifúndios”. Correio da Manhã, 38(13.551), 4. http://memoria.bn.br/DocReader/089842_04/50119?pesq=%22o%20problema%20dos%20latifúndios%22

VIANNA, F. J. O. (1933). Populações Meridionaes do Brasil (3ª ed.). Rio de Janeiro: Editora Nacional.

VIANNA, F. J. O. (1947). Problemas de política objetiva (2ª ed.). Rio de Janeiro: Editora Nacional.

WELCH, C. (2016). Vargas e a reorganização da vida rural no Brasil (1930-1945). Revista Brasileira de História, 36(71), p. 81-105. https://doi.org/10.1590/1806-93472016v36n71_004

WERNECK VIANNA, L. (1996). Caminhos e Descaminhos da Revolução Passiva à Brasileira. Dados, 39(3), p. 377-391. https://doi.org/10.1590/S0011-52581996000300004

WERNECK VIANNA, L. (1993). Americanistas e iberistas: a polêmica de Oliveira Vianna com Tavares Bastos. En E. Bastos & J. Q. Moraes (Eds.), O pensamento de Oliveira Vianna. Campinas: UNICAMP, p. 351-404.